It's time to wake up!

sábado, 15 de março de 2008

Psicologia de massas do fascismo

Excertos retirados do livro "Psicologia de massas do fascismo" de Wilhelm Reich (autor do qual li vários livros entre os meus 16 e 18 anos e cujos escritos influenciaram bastante as minhas ideias da época e actuais sobre a sociedade patriarcal repressiva, a sexualidade e a religiosidade teísta).

Crianças não acreditam em Deus. A fé em Deus só se inculca nelas quando têm de aprender a reprimir a excitação sexual, que ocorre a par da masturbação. Assim, começam a ter medo do prazer e, depois, a acreditar realmente em Deus, a temê-lo. Por um lado, elas o temem como um ser omnipresente e omnisciente, e, por outro, invocam a sua protecção contra a própria excitação sexual. Tudo isto tem a função de evitar a masturbação. A inculcação das concepções religiosas processa-se, portanto, na primeira infância. Contudo, a ideia de Deus não seria suficiente para reprimir a energia sexual da criança, se não estivesse associada às imagens reais do pai e da mãe. Quem não respeita o pai comete um pecado; em outras palavras, quem não teme o pai, quem se entrega ao prazer sexual, é castigado. O pai severo, que nega a satisfação dos desejos da criança, é o representante de Deus na fantasia da criança, é quem executa a vontade de Deus. E se a veneração pelo pai é prejudicada pela compreenção real das suas fraquezas e insuficiências humanas, isso não leva à sua rejeição pela criança. Ele continua a existir na imagem de uma concepção de Deus abstrata e mística. Na organização social patriarcal, invocar Deus é invocar a autoridade real do pai. A criança, ao invocar "Deus",refere-se, na realidade ao pai.(...)
A inibição genital e a ansiedade do prazer podem ser, em qualquer dos casos, considerados como a essência energética de todas as religiões patriarcais que negam a sexualidade.
A religiosidade hostil ao sexo é producto da sociedade patriarcal autoritária. Nesse contexto, a relação pai-filho com que nos deparamos em todas as religiões do tipo patriarcal não é mais do que um conteúdo necessário, socialmente determinado, na experiência religiosa; mas essa própria experiência procede da repressão sexual nas sociedades patriarcais. A função que a religião passa a cumprir no decorrer dos tempos, a atitude de obediência em relação à autoridade e à renúncia, é apenas uma função secundária da religião. Ela pode apoiar-se numa base sólida: a estructura do homem patriarcal, moldada por meio da expressão sexual. A fonte viva da atitude religiosa e o eixo em torno do qual se produzem os dogmas religiosos residem na negação dos prazeres do corpo (...)

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