It's time to wake up!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Maiakovski

Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX :


Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Depois de Maiakovski…

Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso .Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso. Porque eu não sou miserável.
Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego. Também não me importei.
Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...
Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Ivette

Esta é mais uma menina como muitas outras crianças espalhadas pelo mundo. Fez 6 anos no passado dia 5 e mora no Equador. Pertencendo a uma família de fracos rendimentos, está a ser "apadrinhada" por mim até atingir a maioridade através de uma organização internacional de apoio a crianças desfavorecidas. O objectivo é proporcionar-lhe melhores condições e dar-lhe incentivo na sua formação escolar para que não desista prematuramente dos seus estudos e possa vir a ter uma vida melhor. Chama-se Ivette Katiuska Angulo Bravo, mas eu refiro-me a ela como a "minha princesa". Entretanto vou-lhe escrevendo e recebo cartas escritas pela mãe pois ela ainda não sabe escrever, mas que incluem desenhos feitos por ela com lápis de côr. Espero um dia poder visitá-la e conhecê-la. Talvez ainda este ano...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Passeata

Ontem fui passear. Foram ao todo mais de 20Km, mas desenganem-se aqueles que possam pensar que fui apenas "fazer quilómetros", gastar as solas das sandálias, ou fazer exercício para manter uma linha esbelta especialmente na zona da cintura. Esta úlitma então só quem não me conhece é que poderia pensar tal coisa. Exercício para mim é subir escadas em vez de usar elevador, tocar bateria, ou fazer musculação ao polegar carregando nos botões do controlo remoto do DVD para não ter de descolar o traseiro do sofá. Ainda não me decidi se sexo conta como exercício físico ou só como forma de obter prazer. Se for considerado exercício se calhar também tenho tenho de incluir o mastigar de deliciosas iguarias culinárias como exercitamento dos maxilares.
Ontem foi mais um reviver a nostalgia das longas passeatas ao ar livre que já faço há quase 20 anos. Fui desde Sintra até aos Capuchos, Malveira da Serra e já tinha passado a praia do Guincho quando uma amiga me dá boleia para Cascais e depois até casa. Passei por paisagens tão diversas como a floresta da Serra de Sintra até aos areais e vista do oceano até ao horizonte que se tem no Guincho.
É claro que tudo tem um preço e hoje estou à rasca do meu pé esquerdo. Mas valeu a pena! Infelizmente, apesar de não ter tido companhia e poder dedicar os meus pensamentos exclusivamente ao que eu quiz, não deu para pôr as ideias em ordem na cabecinha e ajudar-me a encontrar uma solução para o período difícil da minha vida que estou a passar, mas pronto, não se pode ter tudo...

terça-feira, 13 de maio de 2008

O caso Fritzl

Apesar do seu mediatismo, até teria dado pouca importância a este assunto, não fosse terem-me chamado a atenção para ele num fórum a que pertenço e onde raramente vou, mas onde mencionaram o meu nome a propósito de um tópico acerca do Sr. Fritzl.
Dado o que li por lá acerca deste assunto, gostaria de deixar aqui algumas considerações, sabendo de antemão que corro o risco de ser polémico:
1- Por princípio sou totalmente contra as posturas do género:"o homem merece tudo o que há de pior",etc. Isto não quer dizer que ache que se faça de conta que nada aconteceu, mas não acredito que o punir alguém ou fazer um criminoso sofrer traga algum conforto às vítimas no sentido de lhes retirar o sofrimento porque já passaram. Já é passado e não há nada que o faça voltar atrás. Por isso mesmo gosto de distinguir entre o que é punir alguém por um crime privando-o de liberdade e o retirar a liberdade a alguém porque se revelou um elemento perigoso para a sociedade e tem de ser impedido de reincidir. Discordo da primeira e concordo com a segunda.
2- É relativamente fácil ficar-se revoltado com alguém que cometeu um crime e desejar que aconteça mal a esse alguém ou desejar que sofra como punição desse crime. Mas quem tem a legitimidade moral de executar a punição? Quem está em posição de poder dizer:"como fizeste sofrer, isso dá-me a legitimidade de te fazer sofrer pois é o que mereces"? Não será esse executante da sentença também alguém que fez sofrer de propósito e merecedor de castigo? E quantas vezes o criminoso que ele castiga não fez o que fez por doença mental, ignorância, ou outro factor que não o desejo deliberado de fazer sofrer alguém, enquanto o executor do castigo tem mesmo essa intenção? Quem será pior?
3- Um caso destes em que alguém mantém a filha presa durante vários anos, violando-a diariamente, gera reacções de revolta, apelidando-se facilmente o homem de "monstro" e desejando-lhe o pior dos males. No entanto, casos como este são empolados nos media para nos ajudar a canalizar a nossa latente revolta contra este sistema que oprime a maioria de nós e nos faz perseguir falsas ideias de felicidade, tudo para benefício dos poderosos. Poderosos esses como chefes de estado, grandes capitalistas, que fazem as guerras, causam fome e exploração, e que geram em números astronómicos à escala mundial muito mais sofrimento que milhares de Fritzls juntos. Mas a esses chamamos "Senhor", "Excelência", etc em vez de "monstro" e em vez de os julgarmos curvamo-nos perante eles.

domingo, 11 de maio de 2008

Cena da pesada

Ontem por volta das 23h passei por Santa Apolónia de carro. no entanto não deixei de reparar numa rapariga com ar de vinte e poucos. Notei que teria um belo rosto, não fossem as marcas vermelhas neste, provavelmente consequência de consumo de algo "pesado" ou de alguma doença resultante disso. Não deixei de sentir uma enorme compaixão por esta rapariga que se deixou levar por este caminho de auto-destruição.
Ainda na véspera estive à conversa com um rapaz que trabalha numa loja de instrumentos musicais e tendo o tópico da conversa sido invariavelmente música acabei por falar num rapaz que conheço e sinto bastante simpatia e que toca numa banda de que gosto muito, mas com o qual já não falo há muito tempo. Segundo o rapaz da loja, este andaria metido em "cenas pesadas" e em consequência disso andaria bastante mal.
É pena ver isto acontecer às pessoas. Ouvimos falar destes casos, mas quando entramos nem que seja um pouco em contacto com a realidade da desgraça, apercebemo-nos da sua real dimensão humana e na maior parte dos casos da impossibilidade de podermos fazer algo para ajudar.

The story of stuff








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sexta-feira, 2 de maio de 2008

O último dia da tua vida

No passado dia 24 de Abril o Lama Urgyen Chökyi Dorje (também conhecido por Lama Urgyen Chödor) por ocasião da sua 4ª vinda a Portugal deu uma conferência pública na qual falou sobre vários aspectos do Budismo que podem ser usados de uma forma prática no nosso quotidiano.
Entre diversos tópicos falou sobre a impermanência de tudo o que é composto, o que leva a que tudo o que nasce morre. Segundo as suas palavras, todos nós estamos intelectualmente conscientes de que um dia morreremos e de que não temos nenhuma certeza sobre quando esse dia será, podendo ser mesmo hoje. No entanto não a compreensão intelectual dessa verdade não significa a sua interiorização, o que levaria a viver segundo ela. Como agiríamos se soubéssemos que hoje era o nosso último dia? De certeza de forma bastante diferente. O Lama falou também de pessoas que tiveram experiências de quase morte em que chegaram a ser dadas como clinicamente mortas, e em como essas experiências alteraram a sua forma de estar na vida.
E se hoje fosse o teu último dia desta vida?...

Mais uma acha para a fogueira da repressão policial

Nova lei não impõe limites à polícia para uso da força
Para a Amnistia Internacional, a Lei de Segurança Interna é um retrocesso nos direitos humanos, pois não limita os meios coercivos.
Nuno Miguel Pereira npereira@destak.pt

A proposta de lei de Segurança Interna merece nota negativa por parte da delegação portuguesa da Amnistia Internacional (AI).
«A AI tem uma grande preocupação perante o pacote legislativo que este Governo está a preparar», revelou Paulo Albuquerque. De acordo com o dirigente da AI, a Lei de Segurança Interna, assim como a proposta de Lei de Organização da Investigação Criminal e a proposta de Lei Orgânica da PJ, «colocam em causa direitos dos cidadãos».
Paulo Albuquerque alega ainda que, com a nova legislação, «Portugal não cumpre as obrigações da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e a Constituição portuguesa».

Uso da força não limitado
Entre as situações que a AI considera mais preocupantes está a não definição dos casos em que é admissível o uso de meios coercivos, o que, segundo o dirigente da AI, «vai contra as indicações do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos».
A AI também critica a possibilidade de inibição da difusão de comunicações para efeitos de prevenção criminal que, assegurou Paulo Albuquerque, «não tem qualquer fundamento constitucional».
Em causa está a possibilidade de as comunicações poderem ser barradas no âmbito da prevenção criminal e não, como acontece actualmente, no âmbito do processo penal. Estes são os principais aspectos negativos apontados pela AI e que levam mesmo Paulo Albuquerque a afirmar que a nova legislação «é um retrocesso no que diz respeito aos direitos humanos».
Com as novas leis deverá ser criada a figura do secretário-geral para as diferentes forças policiais.
Contudo, e segundo a AI, a legislação é omissa na articulação entre o secretário-geral e o Ministério Público, o que pode causar «conflitos».
«A lei deveria criar mecanismo de apoio entre as duas entidades», sublinhou.