It's time to wake up!

terça-feira, 13 de maio de 2008

O caso Fritzl

Apesar do seu mediatismo, até teria dado pouca importância a este assunto, não fosse terem-me chamado a atenção para ele num fórum a que pertenço e onde raramente vou, mas onde mencionaram o meu nome a propósito de um tópico acerca do Sr. Fritzl.
Dado o que li por lá acerca deste assunto, gostaria de deixar aqui algumas considerações, sabendo de antemão que corro o risco de ser polémico:
1- Por princípio sou totalmente contra as posturas do género:"o homem merece tudo o que há de pior",etc. Isto não quer dizer que ache que se faça de conta que nada aconteceu, mas não acredito que o punir alguém ou fazer um criminoso sofrer traga algum conforto às vítimas no sentido de lhes retirar o sofrimento porque já passaram. Já é passado e não há nada que o faça voltar atrás. Por isso mesmo gosto de distinguir entre o que é punir alguém por um crime privando-o de liberdade e o retirar a liberdade a alguém porque se revelou um elemento perigoso para a sociedade e tem de ser impedido de reincidir. Discordo da primeira e concordo com a segunda.
2- É relativamente fácil ficar-se revoltado com alguém que cometeu um crime e desejar que aconteça mal a esse alguém ou desejar que sofra como punição desse crime. Mas quem tem a legitimidade moral de executar a punição? Quem está em posição de poder dizer:"como fizeste sofrer, isso dá-me a legitimidade de te fazer sofrer pois é o que mereces"? Não será esse executante da sentença também alguém que fez sofrer de propósito e merecedor de castigo? E quantas vezes o criminoso que ele castiga não fez o que fez por doença mental, ignorância, ou outro factor que não o desejo deliberado de fazer sofrer alguém, enquanto o executor do castigo tem mesmo essa intenção? Quem será pior?
3- Um caso destes em que alguém mantém a filha presa durante vários anos, violando-a diariamente, gera reacções de revolta, apelidando-se facilmente o homem de "monstro" e desejando-lhe o pior dos males. No entanto, casos como este são empolados nos media para nos ajudar a canalizar a nossa latente revolta contra este sistema que oprime a maioria de nós e nos faz perseguir falsas ideias de felicidade, tudo para benefício dos poderosos. Poderosos esses como chefes de estado, grandes capitalistas, que fazem as guerras, causam fome e exploração, e que geram em números astronómicos à escala mundial muito mais sofrimento que milhares de Fritzls juntos. Mas a esses chamamos "Senhor", "Excelência", etc em vez de "monstro" e em vez de os julgarmos curvamo-nos perante eles.

Sem comentários: