It's time to wake up!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Sugestão de leitura

Escrito por Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche, mais conhecido por ser o realizador dos filmes "The Cup" e "Travellers and magicians", este livro aborda de forma simples e ao mesmo tempo profunda aquilo que são os quatro selos do Budismo:

-Todas as coisas compostas são impermanentes
-Todas as emoções (que impliquem dualidade) são sofrimento
-Todos os fenómenos são vazios, não têm existência inerente
-O Nirvana está para além de extremos

A quem estiver interessado posso emprestar (depois de ler novamente, está-me mesmo a apetecer), desde que prometam cuidar bem dele.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pão e circo

No tempo do Império Romano era esta a divisa usada pelos poderosos para satisfazer o povo e mantê-lo num estado graça que não lhe permitia tomar consciência da sua real situação de exploração e subjugação.
Hoje em dia pouco mudou, apenas os métodos se sofisticaram mais um pouco. Mesmo para aqueles que não podem procurar a sua felicidade enganadora no consumismo, as telenovelas e o futebol entre outros estão lá, acessíveis a todos e cumprindo a sua função de nos manter sonâmbulos e inconscientes, verdadeiramente sonhando acordados.
Segundo a primeira página de vários jornais, ontem um dos sonhos acabou com a derrota da selecção portuguesa de futebol frente à Alemanha por 2-3. Embora tendo compaixão pelo estado de ineflicidade que grande parte da população nacional deve ainda hoje sentir, não deixo de me regojizar pelo resultado. Pode ser que tendo por agora acabado o fluxo deste verdadeiro ópio do povo que é a euforia das vitórias futebolísticas, as gentes tomem um pouco consciência da sua condição de miseráveis. Não tenho esperança que aconteça nenhuma revolução popular pois o povo é demasiado imaturo para tal e no seu estado actual sente inconscientemente precisar ainda de um tutor que o guie, mas pode ser que com mais uma acha para a fogueira do descontentamento, se continue a caminhar de mansinho para uma futura mudança.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Manifs

Ultimamente tenho recebido vários mails com apelos a manifs. Os motivos são vários e vão desde as pessoas que sentem que lhes tão a enviar um ferro em brasa pelo traseiro acima de cada vez que metem gasosa no popó devido ao preço desta, aos defensores dos direitos dos animais que protestam contra a barbárie da forma de tortura chamada tourada. Mas sejam quais forem esses motivos, a forma de protesto a que se apela é invariavelmente ruidosa, o que tanto pode ser considerado uma forma de agressão em si, como uma forma de mostrar que "nós estamos aqui", ou uma mistura de ambas.
Por outro lado recordo-me da vigília silenciosa em que participei há uns meses para protestar contra a situação na Birmânia. Foi igualmente eficaz em chamar a atenção dos media e provavelmente teve a presença de pessoas que não teriam ido se o protesto tivesse sido em moldes mais facilmente conotados com qualquer forma de violência. Em manifestações ruidosas os participantes são mais facilmente considerados como um grupo de arruaceiros e não só provocam mais raiva nas pessoas contra quais protestam, como geram a desconfiança das pessoas no geral. Pelo contrário as manifestações sem qualquer forma de violência não geram tanta raiva do "outro lado", como conquistam mais simpatia da parte de quem observa de "fora".
Para quem duvida ainda que a não-violência funciona, sugiro que investigue um pouco sobre a obra do Gandhi, ou veja o filme sobre a sua vida (recomendo vivamente).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

HMS Victory

Em miúdo ofereceram-me um livro sobre barcos de todos os tempos. Nele constavam duas páginas sobre um dos maiores ex-libris dos veleiros de finais do século XVIII, princípio do século XIX - o HMS Victory, um dos responsáveis pelo meu fascínio por grandes veleiros. Navio almirante da frota britânica na batalha de Trafalgar, a bordo do qual morreu o almirante Nelson, está agora em doca seca em Portsmouth onde o fui finalmente visitar aquando da minha recente estadia em Inglaterra, realizado assim um velho sonho de infância. Mais informações sobre este histórico barco em http://www.hms-victory.com/ e http://en.wikipedia.org/wiki/HMS_Victory









terça-feira, 10 de junho de 2008

Banksy

Banksy é o pseudónimo de um artista do graffiti bastante conhecido e também segundo consta procurado pela polícia. (ver mais em http://www.banksy.co.uk/menu.html e http://en.wikipedia.org/wiki/Banksy)




Evolução???




segunda-feira, 9 de junho de 2008

A escravatura do género

Hoje apareceu na 1ª página de um jornal de distribuição gratuita a seguite notícia:
"A guerra entre dois clãs rivais paquistaneses, por causa da morte de um burro, foi resolvida com a oferta de 15 virgens, com idades entre os 3 e os 10 anos, para casarem com homens mais velhos" (desenvolvimento da notícia em http://dn.sapo.pt/2008/06/09/internacional/quinze_virgens_pelo_da_guerra_entre_.html)

Apesar da escravatura de acordo com a raça estar oficialmente abolida desde o século XIX, ainda continuam a existir actualmente várias outras formas de escravatura, algumas encapotadas como a exploração laboral de adultos ou crianças, tráfico de seres humanos; outras de forma clara, considerando outras pessoas como meros objectos e tratando-as como tal. É o que se passa com muitas mulheres em sociedades manifestamente patriarcais de todo o mundo. Propriedade do seu marido ou pai, estas mulheres não têm qualquer poder de decidir sobre o seu futuro e são como neste caso usadas como mercadoria de troca.
Pode-nos parecer muito chocante o que se passa em países como o Paquistão, mas em Portugal não é preciso recuar muito no tempo para depararmos com situações em que as mulheres só podiam viajar ou arranjar emprego com autorização do marido, autêntica forma de escravatura doméstica.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Vitória contra a crueldade

A RTP foi hoje notificada pela 12.ª Vara Cível de Lisboa – 1.ª Secção do despacho da decisão tomada na passada 6.ª feira, 30 de Maio, por este tribunal, que julgou procedente uma providência cautelar interposta pela ANIMAL com vista a impedir judicialmente a RTP de difundir a 44.ª Corrida TV (cuja emissão em directo, a partir das 17 horas do próximo domingo, 8 de Junho, tem estado a ser largamente anunciada pela RTP) antes das 22h30m e sem a difusão permanente de um indicativo visual apropriado que indique que as touradas são programas violentos susceptíveis de influir negativamente na formação da personalidade de crianças e adolescentes (afectando esta decisão todos os canais da RTP).
...
Ouvidas as testemunhas arroladas pela ANIMAL – contando-se entre estas testemunhas dois psicólogos clínicos e um biólogo e professor universitário de etologia (ciência que estuda o comportamento animal) –, o tribunal deu como provado que o visionamento de touradas televisionadas é, pelo menos, susceptível de ter uma influência negativa e deseducativa na construção e no desenvolvimento da personalidade de crianças e adolescentes, transmitindo-lhes a mensagem de que torturar um animal, fazer disso espectáculo e exibi-lo televisivamente (entrando estas imagens e esta mensagem pela “casa de crianças e adolescentes adentro” e em horários televisivos perfeitamente acessíveis a uns e outros) é aceitável e normal. A ANIMAL alegou – e o tribunal deu como provado – que o visionamento de touradas, especialmente quando exibidas na televisão em horário irrestrito, expõe crianças e adolescentes a um processo de dessensitização relativamente ao sofrimento dos animais (e também ao sofrimento de humanos), sendo a inflicção de sofrimento ali apresentada como um espectáculo legítimo, aparentemente artístico, em que a tortura de animais é louvada como esteticamente apreciável e moralmente neutra, e cuja respeitabilidade é tão grande, que aquele espectáculo chega a ser emitido televisivamente e a horas irrestritas – de fácil acesso a crianças e adolescentes (sendo exemplo disso as 17h, hora para a qual estava programada a exibição desta tourada).
O tribunal deu também como provado que, ao mesmo tempo que o Estado Português, através dos manuais escolares aprovados pelo Ministério da Educação, incorpora no conjunto curricular de mensagens educativas e formativas nos vários níveis de ensino a mensagem de que as crianças e os adolescentes devem respeitar e proteger os animais e a natureza, contraditoriamente, o Estado não só autoriza ainda a prática de touradas – o que vai contra as mesmas mensagens educativas veiculadas nos manuais escolares e que constituem tema de tantos trabalhos de turmas e alunos por todo o país na disciplina de “área projecto” –, como também, através da estação de televisão estatal, exibe espectáculos de violência contra animais como é o caso das touradas, e fazendo-o a qualquer hora, transmitindo, assim, a mensagem negativa e absolutamente inversa ao que nas escolas se procura ensinar. Neste contexto, o tribunal deu como provado que estas mensagens contraditórias geram confusão no quadro de valores que se pretende incutir às crianças, condenando, nas escolas, os maus tratos a animais, enquanto promove e glorifica, na televisão, esta violência. Ficou também provado que, dando-se o processo de aprendizagem essencialmente por imitação de comportamentos, as crianças e os adolescentes poderão ser susceptíveis de virem a imitar os comportamentos violentos que vêem glorificados nas touradas e que aí são apresentados como sinais de heroísmo, bravura e arte – não obstante o facto de serem comportamentos cruéis para com os animais.
Segundo Rita Silva, Vice-Presidente da ANIMAL, ”No Ocidente, os países onde os animais são mais mal tratados e onde há uma maior indiferença das populações relativamente ao sofrimento dos animais são, por norma, países onde existe actividade tauromáquica permitida pelo Estado. Portugal é um desses casos, sem dúvida alguma, sendo um país onde ainda hoje os animais se encontram fortemente desprotegidos e onde ainda não são vistos, de um modo geral, com respeito. Isso deve-se, sem dúvida alguma e em grande parte, ao facto do Estado permitir que em qualquer centro de qualquer cidade ou vila do país vários touros e outros animais sejam expostos a uma tortura extrema, com contornos de crueldade assustadores, no contexto de corridas de touros e outras práticas tauromáquicas que são promovidas e acolhidas como espectáculos e cuja popularidade é estimulada. Nos últimos dez anos, sobretudo, a popularidade das touradas decresceu brutalmente em Portugal, fruto de campanhas a favor dos direitos dos animais, e, com isso, tem-se dado também o avançado declínio económico desta indústria sanguinária. Os portugueses já não querem que as touradas possam acontecer em Portugal e querem que Portugal seja um país onde os animais sejam bem tratados e mais fortemente protegidos. Mas o Estado não tem reflectido isso através das suas decisões e a RTP, desde logo, tem tido um papel vergonhoso ao insistir em promover e difundir um espectáculo deplorável que devia ser já proibido e que, pelo menos, deveria estar completamente vedado de ser promovido ou difundido pelas estações de televisão. Não é de todo aceitável que estas, particularmente a RTP, continuem a insistir no processo de dessentização que faz com que os portugueses ainda hoje não tenham tanta empatia para com os animais e os seus direitos quanta deviam ter. Esta decisão judicial notável e absolutamente pioneira no mundo virou, agora, uma importante página da história da abolição das touradas e esperamos que a RTP e outras entidades retirem daqui as devidas conclusões”.

terça-feira, 3 de junho de 2008

O remador é um incompetente

Lê-se numa crónica que no ano de 2005 se celebrou uma competição de remo entre duas equipas, uma composta por trabalhadores de uma empresa portuguesa e a outra pelos seus congéneres japoneses.
Dada a partida, os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro instante. Chegaram à meta primeiro, e a equipa portuguesa chegou com uma hora de atraso.
De regresso a casa, a direcção reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa actuação e chegaram à seguinte conclusão: detectou-se que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que na equipa portuguesa havia um remador e dez chefes de serviço, facto que seria alterado no ano seguinte.
No ano de 2006 e após ser dada a partida, rapidamente a equipa japonesa começou a ganhar vantagem desde a primeira remadela. Desta vez a equipa portuguesa chegou com duas horas de atraso. A Direcção voltou a reunir após forte reprimenda da Gerência e viram que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto que a portuguesa, após as eficazes medidas adaptadas com o fracasso do ano passado, era composta por um chefe de serviço, dois assessores da Direcção, quatro de chefe secção e um remador.
Após minuciosa análise, chega-se à seguinte conclusão:
- O remador é um incompetente!
No ano de 2007, como não podia deixar de ser, a equipa japonesa adiantou-se mal foi dada a partida. A embarcação que este ano tinha sido encomendada ao departamento de novas tecnologias, chegou com quatro horas de atraso.
Após a regata e para avaliar os resultados, celebrou-se uma reunião ao mais alto nível no piso superior do edifício, chegando-se à seguinte conclusão: este ano a equipa japonesa optou novamente por um chefe de equipa e dez remadores. A equipa portuguesa, após uma auditoria externa e um assessoramento especial do departamento de informática, optou por uma formação mais vanguardista, composta por um chefe de serviço, três chefes de secção, dois auditores da Arthur Andersen e quatro securitas que controlavam a actividade do único remador, ao qual se tinha aberto processo disciplinar e retirado todos os bónus e incentivos devido aos fracassos de anos anteriores.
Após prolongadas reuniões, decidiu-se que para a regata de 2008 o remador será contratado para o efeito, já que se notou que a partir do vigésimo quinto quilómetro o remador mostrava algum desinteresse e que atingia a indiferença na linha da meta.

Preço da gasosa

Já estou mais que totalmente farto de receber mails a apelar ao boicote das principais gasolineiras a operar em Portugal. É verdade que a gasosa é mais barata em Espanha e que cá provavelmente os impostos que recaem sobre ela não são usados da melhor forma que seria subsidiar veículos a funcionar energias alternativas ou transportes públicos.
Mas porra, estou farto dos queixumes de comodistas aburguesados que se estão a cagar para o ambiente desde que possam usar o conforto do seu popó nem que seja para se deslocarem 100m. Infelizmente a única linguagem que este tipo de gente entende é a de quando lhes vão à carteira, pois para o seu enorme egoismo comodismo individual é bem mais importante que o meio ambiente que nos afecta não só a todos mas também às futuras gerações. Pois bem, que seja assim caro, e ainda mais! Desde que parte do preço da gasosa sirva para os fins que atrás mencionei, acho muito bem que ela seja o mais cara possível. Quem não gosta compre um híbrido, desloque-se de transportes públicos, a pé ou de bicicleta, ou então que vá pentear macacos!

Monotonix

Esta foi uma banda que vi num pub em Bristol. Não sabia nada deles mas com a informação que recebi sobre a banda era difícil não criar expectativas. Fazia parte da sua reputação terem pegado fogo à bateria num concerto. Isto poderia não acontecer até porque as baterias são caras (eu que o diga), mas pelo menos prometia total loucura em palco e fora dele. Foi exactamente o que aconteceu. O vocalista e o guitarrista metiam-se a tocar no meio do público (tendo às tantas juntado-se a eles o baterista), subiam para cima dos amplificadores, parapeitos das janelas e bombo gerando o delírio. Acabaram o concerto em apoteose cantando com o público o famoso tema “God save the queen” dos Sex Pistols. Que concerto fantástico!
Pena que em Portugal não exista a cultura de haverem espaços como este que servem de plataforma de lançamento a bandas, algumas das quais mais tarde enchem estádios.
Vejam o myspace da banda em http://www.myspace.com/monotonix se bem que este não permite imaginar um décimo do que é a energia desta banda ao vivo.