A seguinte estória verídica foi relatada pela Maria Pinto Teixeira:
A Joaquina vive na quinta da minha Mãe, juntamente com mais 6 galinhas, 4 coelhos, 5 gatos e 6 cadelas, todos resgatados de situações de risco.
Todos os animais da quinta se dão bem: gatos, galinhas e cães, todos andam em liberdade e convivem pacificamente.
Mas um dia recebemos na quinta um visitante inesperado: uma águia. A águia atacou a Joaquina, que ficou completamente paralisada, sem controle dos movimentos das patas.
Todos foram de opinião que era necessário sacrificar a galinha: seria impossível ela algum dia voltar a andar.
Mas a minha Mãe pegou na desorientada Joaquina ao colo, olharam ambas fixamente uma para a outra, e o veredicto da minha Mãe foi este: "Não, esta galinha ainda tem vida, há que lutar por ela."
A Joaquina foi viver para dentro de casa e começou o seu período de recuperação. Foram 4 meses de tratamentos diários.
Houve períodos difíceis, em que os tratamentos veterinários se revelaram praticamente ineficazes e os progressos eram lentos e pouco seguros. Mas a minha Mãe não duvidou um só dia de que a Joaquina iria um dia voltar a andar. Não sei se foram as massagens e fisioterapia, os medicamentos naturais ou a cadeirinha improvisada que o meu padrasto construiu, ou se foi a obstinação da minha Mãe e a força de vontade da Joaquina que operaram este pequeno milagre: o que é certo é que após 4 meses de quase imobilidade a Joaquina começou a dar os primeiros passos.
Criou-se entre a Joaquina e a minha Mãe uma cumplicidade curiosa. É engraçado ver a minha Mãe passar atarefada nos trabalhos da quinta com uma galinha a segui-la com uns passitos trémulos e esvoaçantes.
A Joaquina gosta de festas, de estar perto de nós e de esperar que acabemos de lanchar para comer as migalhas do pão. Conhece perfeitamente o nome dela e aprendeu a esconder-se debaixo dos arbustos quando ouve o piar das águias.
Quando vejo a Joaquina esgravatar o chão com as suas ainda frágeis e recém funcionantes patas e sacudir as asas ao sol lembro-me sempre das galinhas de bateria, que vivem as suas curtas e miseráveis vidas fechadas em cubículos do tamanho de uma folha A4, sem se poderem mexer e nem sequer abrir as asas, com os bicos mutilados e sem verem a luz do dia, com o único propósito de fornecer ovos e carne para alimentação humana.
Penso nos milhões de animais que são torturados e mortos todos os anos para o mesmo fim. Penso que os animais que conseguimos salvar na quinta serão sempre poucos, que nunca conseguiremos sequer arranhar a superfície do problema e que a mudança fundamental na mentalidade das pessoas tarda demais a chegar...
Mas depois recebo uma notícia como a que vos encaminho abaixo, e que, apesar de ser apenas um passo minúsculo, é um passo na direcção certa. E sinto um novo ânimo...
terça-feira, 15 de julho de 2008
Galinha Joaquina
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