A embaixada francesa em Lisboa recorda hoje a participação do CEP (Corpo Expedicionário Português) na I Guerra Mundial, numa homenagem
integrada nas cerimónimas sobre o conflito, a decorrer em Paris. No 90º aniversário da batalha de La Lys (que decorreu de 9 a 29 de Abril de 1918), onde o CEP sofreu pesadas baixas face ao adversário alemão, será observado um minuto de silêncio.
Faz-me impressão esta expressão "pesadas baixas" parecendo que é mais um número do que um conjunto de vidas individuais cada uma com as suas características próprias. Vidas ceifadas por aqueles que apelidados de "inimigo" não mais faziam do que obedecer a ordens e tentar por sua vez proteger as suas próprias vidas. Tantas mulheres que perderam o seu amor, tantos filhos que ficaram sem pai, tantos amigos perdidos, tantos pais que criaram durante vários anos os seus filhos com esperança de um melhor futuro para eles do que o de perecerem no meio da lama com o corpo crivado de estilhaços ou perfurado por balas. Já para não falar daqueles que ficaram cegos, mutilados, amputados, incapacitados para o resto da vida. E para quê?
Alguns deles ainda tão novos, na flor da vida. Foi assim em mais uma guerra estúpida e absurda como todas sem excepção o são.
O meu avô materno esteve lá. Por entre as "pesadas baixas" safou-se "apenas" com ferimentos. Talvez devido aquilo que alguns designam por sorte, talvez devido à má pontaria dos alemães, talvez por não ter estado no local errado à hora errada, talvez por tudo isso junto. Não me sinto orgulhoso pelo facto dele ter participado, assim como quem diz "o meu avô esteve lá, fez qualquer coisa pelo país", mas sinto-me feliz por ele se ter safado. Caso contrário não estaria eu a escrever isto aqui e agora, pois não existiria.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Batalha de La Lys
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